quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Na primeira noite eu reparei que a janela do banheiro era enorme e ficava ao lado da privada, não era veneziana, dava mesmo pra ver o que se passava, não naquele momento, nada se via além do breu, mas peraí meu senhor pra onde vai essa vista? Não quero ninguém me bizolhando né? Quer dizer, não dá pra ver do chuveiro e tal mas mesmo assim é meio estranho. Decidi v(c)agar no escuro e tentar relaxar. No dia seguinte descobri que minha janela só dava mesmo de frente pra janela do banheiro do vizinho, ele também estava lá fazendo o que tinha que fazer, nos cumprimentamos de um jeito esquisito "oitudobem como vai vc toma activia" como lidar com quando você já conhece alguém vendo a pessoa matricular o Robinho na aula de natação? Quer dizer, passava por algo familiar quando dividia um quitinete num cabeça-de-porco clássico da saudosa Copacabana e compartilhava da mesma parede fina de azulejos -e do mesmo horário de banho matinal- com meu vizinho, mas isso é outra história. Muitos dias e encontros desconfortáveis depois com o atual par banheiril e eu já tinha me acostumado com aquilo tudo, já dava tchauzinho como se tivesse num carro alegórico e por vezes conversávamos sobre notícias e trivialidades, aí quando eu achava que o absurdo não podia piorar tudo ficou estranho: o cara me deixou um bilhete embaixo da porta dizendo que ia deixar a cidade, me desejou boa sorte na minha vida e disse que havia me deixado um presente, um companheiro. Eu me perguntei o que era por um segundo. Aí fui no banheiro e... Pois é.


Um comentário:

Anônimo disse...

Justo o que eu procurava sobre porta de aluminio e janelas de aluminio. Muito obrigada!